29º Dom. T.C. Ano A: Isaías 45,1.4-6.; Salmo 95; 1Tessalonissenses 1,1-5b; Mateus 22,15-21.

Meus irmãos e irmãs, estamos caminhando com o Senhor ao longo do Ano Litúrgico, tendo como catequista, São Mateus. Com ele, discípulo, apóstolo e evangelista, escutamos a Escritura e contemplamos o Senhor, a Palavra que se fez carne e habitou entre nós.

O profeta Isaías preparou o caminho, abrindo nossos olhos e fazendo arder nossos corações para contemplar a ação de Deus, através de um pagão, o rei Ciro, que Deus o ‘tomou pela mão’ (Is 45,1). Essa ação de Deus, que provocou um novo êxodo, permitindo que o povo voltasse à ‘terra prometida’, pois Deus não esquece o seu povo: “por causa de meu servo Jacó, e de meu eleito Israel” (Is 45,4). Neste amor zeloso do Senhor, encontramos uma pista para escutarmos o Evangelho: “Eu sou o Senhor e não existe outro; fora de mim não há Deus” ((Is 45,1).

No evangelho encontramos a resposta de Jesus aos discípulos dos fariseus e aos herodianos, que perguntam se é lícito ou não pagar imposto a César. A resposta de Jesus nos dá uma luz, para compreendermos a nossa relação com Deus e o nosso compromisso com a sociedade: “O que é de César, devolvei a César, e o que é de Deus, a Deus” (Mt 22,21).

A expressão, “devolver a Deus o que é de Deus”, significa nossa intima relação com o Senhor, pois trazemos a imagem de Deus gravada em cada um de nós. No entanto, sempre há a tentação de colocar no lugar de Deus, o ter, o poder e o prazer, ou seja, adorar ídolos. Jesus responde esta tentação: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e somente a ele prestarás culto” (Mt 4,10). Na primeira leitura de hoje, o Profeta Isaías, já anunciava: "Fora de mim não há outro. Eu sou o Senhor e não há outro" (Is 45,6).

Portanto, a Palavra de Deus nos ajuda a colocar ordem no que se refere a relação com Deus e com as coisas criadas. A prioridade é colocar no centro o Senhor e, a partir do Criador, bem utilizar os bens da criação, sem idolatria.

A Oração Coleta da Missa deste domingo nos ajuda a entrar na dinâmica da Palavra proclamada: “Dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração". Tudo vem de Deus, gratuitamente e para Ele retorna através do nosso serviço, que ganha sentido, na nossa comunhão com Cristo, como vemos na Oração sobre as oferendas: “Contemplai ó Deus a face do vosso Cristo que se entregou para a salvação de todos a fim de que por ele, em todo mundo, vosso nome seja engrandecido entre as nações, e um sacrifício unido se ofereça por toda parte em vossa honra". Portanto, tudo é unificado a partir do filho. "Pois o Filho do Homem veio dar a sua vida para a salvação dos homens"(Mc 10,45).

Sejamos gratos ao Senhor por que nos chamou a participar do seu serviço: “E nós vos agradecemos por nos tornastes dignos estar aqui, na vossa presença, e vos servir (Oração Eucarística II). Sendo assim, “devolver a Deus o que é de Deus”, é entrar na dinâmica do amor que se faz serviço, superando a tentação de criarmos ídolos. Abençoado Domingo.

+ Carlos Romulo – Bispo da Diocese de Montenegro